RIO DOCE…
Quem viu suas águas?
Manancial do Riacho Doce…
Não há mais nada…
Onde havia água, agora há lama…
Onde havia garça, agora há desgraça…
A Mina da Alegria se fez triste…
Na mina dos olhos da menina
Não há mais graça,
Não há mais esperança…
Não há mais sonhos…
Apenas há desesperança…
Triste sina dessa gente…
Triste Minas, minha gente…
Outrora alegre; agora descontente…
Gente que agora sente o medo…
A incerteza da falta de decência…
Da falta de pudor dos poderosos…
Meu lamento a Bento Rodrigues…
À Mariana, a Governador Valadares…
À todas as comunidades
Que agora sem água…
Sem alimento, chora…
Depende da caridade…
Meu lamento ao meio ambiente…
À toda diversidade da nossa fauna e flora…
À garça, ao Biguá…
À tartaruga, à capivara…
Ao curimatã, lambari, ao tucunaré…
A todos os peixes, aves e outros animais…
A ganância foi mais forte…
O Rio Doce, a Mata Atlântica devastada,
Antes fonte de vida,
Agora condenada à morte…
Júlia Lícia